O que torna as Empresas Familiares Únicas?
O que torna as Empresas Familiares Únicas?
Por Indira Domingues, sócia-fundadora da Legado Consultoria Empresarial
Uma vez perguntaram a Freud qual seria o segredo de uma vida plena, a resposta dele foi bastante simples: “amar e trabalhar”. Quando pensamos em amor, a família representa a expressão máxima do afeto entre seres humanos. O trabalho dá propósito à vida e embute um senso de utilidade. Ordinariamente, as pessoas têm esses dois eixos de suas vidas apartados, mas isso não ocorre com as Empresas Familiares, que congregam esses dois sistemas em apenas um organismo.
A família é o ninho que nutre, educa e socializa os seus pares. Os pais querem proteger os seus filhos, mas ao transportar a sua conduta da família para as empresas incorrem em situações que podem atrapalhar a dinâmica empresarial, prejudicando o desempenho financeiro dessas.
Muitas vezes, as famílias optam por manter os seus pares nos quadros da empresa, recebendo remuneração mesmo sem trabalhar ou por um valor superior ao que seria pago pelo mercado. As Empresas Familiares, como todas as empresas em geral, devem ser regidas pela meritocracia. Beneficiar familiares de forma inapropriada pode gerar graves danos ao caixa da empresa e prejudicar a sua liquidez a curto e médio prazo.
Esse link tão forte com a família confere a essas empresas uma alma que as definem e diferenciam. São empresas que apresentam um traço muito forte de liderança e conseguem instituir uma cultura mais persistente do que as empresas tradicionais, apresentando funcionários mais engajados. Como resultado, resistem melhor aos dissabores da economia e apresentam resultados melhores a médio e longo prazo.
É possível lidar com a dinâmica empresa x família de forma mais acertada. Existem formas de proteger e beneficiar os familiares sem comprometer a dinâmica da empresa. Uma abordagem sobre as Empresas Familiares requer sempre um duplo foco: a proteção à família e a manutenção da sua perpetuidade.
Nessa busca, a Família pode se valer de dois instrumentos. O Planejamento Sucessório pode auxiliá-las a suceder o património entre os seus pares, o que pode dar acesso antecipado a outros proventos financeiros, oriundos de outras fontes que não apenas a Empresa Familiar. A Governança Familiar pode auxiliá-las com um plano de sucessão do poder de gestão, auxiliando as Empresas Familiares a impedir os avanços inapropriados da família sobre a empresa.